domingo, 16 de novembro de 2008

Histerias e o Vício


Hoje eu lembrei da histeria. Não por vontade, por força maior de Rorschach.

Encontramos ligações entre histeria, teatralidade, expansividade excessiva e desonestidade.
E ao ler o escrito de Contardo Calligaris em http://contardocalligaris.blogspot.com/2008/11/mais-adultrios-virtuais.html#links pensei num adúltero, no nível orkutiano, ou de MSN, ou até de vida como um histérico, e se não histérico, um em potencial.
Se toda teatralidade de um histérico varia de acordo com as esperanças de sua platéia, imaginei um indivíduo histérico, e por sê-lo, altamente sedutor em completa consonância com um outro indíviduo masoquista. Ou ainda o traidor que quer ser descoberto, para escancarar o que o masoquista mais teme e deseja: sofrer de amor. Está travado o dilema dor-prazer. Está cravado o vício.
O histérico sabe do masoquista. Mas o masoquista não sabe do histérico. O masoquista se descobrir do histérico, perde a chance de viver esse trilema dor-prazer-culpa, então compra a idéia de si: incapaz, destruidor, manipulador, etc, tudo o que for componente de seus sentimentos mais cruéis e sofríveis... e amarra-se, prendendo-se ao que sente, ao que é, às culpas e dores.
O histérico prende-se ao outro e aqui deveria usar aspas, mas não vou. É que o histérico é sugestionável, afetado pelas cores dos outros. E, bingo, o masoquista amadurece, o histérico caminha junto. Fim. Não há pra onde correr, senão à um bom analista.
Muita gente deve chamar isso de amor, e quem poderá nos dizer que não é ou é? Já que ninguém conseguiu explicar esse sentimento todo mesmo.

'É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer' - Camões

'Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz' - Chico

Voltando ao Contardo. 'O uso da internet para seduzir um ou uma amante e, entre um encontro e outro, seguir dialogando com ele ou com ela não difere substancialmente do uso de cartas ou telefonemas. Ou seja, os amores e adultérios virtuais propriamente ditos são apenas as relações que se mantêm sempre na virtualidade, embora possam ser afetivamente muito relevantes para os envolvidos -talvez mais relevantes do que as relações reais com o parceiro ou a parceira com quem eles vivem.' E aqui, com meu olhar histérico-masoquista, entendo que essas relações que se mantêm sempre na virtualidade, por parte de um histérico, são extremamente relevantes para seu parceiro masoquista e para a manutenção da relação. Conservam, amedontram, enrigecem e aprisionam.

"O destino nos uniu. Ela/ele é o amor da minha vida."
- Única pergunta de hoje: o 'destino' de um masoquista é encontrar um histérico para se sentir minimamente percebido?
Eu sinceramente aguardo respostas.
Obrigada pela atenção e leitura.

3 comentários:

Luis Fernando Scozzafave de Souza Pinto disse...

uaaaa,,,nossa ? e tu minina??
otimo!!!
bjao

Luis Fernando Scozzafave de Souza Pinto disse...

agora eu pergunto: existe relacionamento nao virtual??
ou seja qual a diferença de um amor vivido nas tela de computador, papeis de carta e fios de fibraoptica etc e o amor vivido por intermedio da eletricidade de nossos neuronios, num palco sempre imaginario tambem???????????
oxente!!!

Julia disse...

Acho que o par perfeito do masoquista é o sádico, não? e do histérico o psicopata. encontros entre histéricos e masoquistas devem derivar em relações bem esquisitas e obsessivas, sei lá. o histérico não enxerga o masoquista, né? enfim.