sábado, 29 de agosto de 2009

conhecendo a miséria

meus superpoderes
acabaram.
estou
morrendo e levando pra cova
junto comigo
a maldita doença que,
por ter medo do amor,
me fez acreditar,
que EU,
um ser hu-ma-no,
um dia,
tivesse poderes.

sábado, 20 de junho de 2009

desculpas

mentiras sinceras me interessam, como dizia o cazuza.

eu não tenho tido tempo para escrever. rs.
desculpe voce, leitor, que nem sei que cheiro tem, se não encontra mais postagens recentes.
eu tenho vivido um estado de mente que me dificulta a escrita.

mas podemos conversar. aliás é o que tenho feito de melhor.

sexta-feira, 6 de março de 2009

A força não vem da dor, vem do todo

Fernanda escutou: 'Ah, esse aqui é só pra você'
Fernanda perguntou: 'Por que acha que só eu tenho condições de possuir?'
Fernanda escutou: 'Olha o tamanho dos seus ombros. Mais ninguém aqui tem ombros parecidos'
.
.
.
Fernanda pensou: É tua década de análise. Você não tem medo de baratas, nem de amar. E ela viu! Ela me viu de verdade! Mas porque 'ombro'? Podia ter sido calos. Ah não, não podia. Era da força que ela falava... da força de eu ser mais próxima do inteiro que consigo.

sophia e o amor ou sophia e as baratas

Sophia precisava que dissessem tudo com brutalidade: era teimosa. Teve carinho na infância, pensava que amar era fácil.
Não queria ter filhos.

No caminho pra casa olhou distraída a vida. Sentia-se livre e satisfeita com tudo o que via.
Topou com uma barata, uma não, muitas! Seu medo de baratas.

'Merda! Meu dia foi pro ralo!'

Continuou a andar, toda infantilizada da surpresa. Tentou cortar a ligação entre o que sentira e as baratas.
'Eu não merecia uma barata jogada na minha cara.'
Sophia achava que o amor era uma soma de compreensões, quando amar verdadeiramente era somar incompreensões. Ela quer amar o que amaria e não o que é.

soluções de Clarice: aceitar esta natureza que quer a morte das baratas: como amar o mundo se não pode amar o tamanho de sua natureza?

Sophia se acha de amor inocente só porque conteve seus crimes.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

a arte da vida

entramos na loucura, pegamos tudo dela, todo nosso potencial mais criativo, tudo tudo tudo!
e daí precisamos voltar, pra cimentar o crescimento.
se dá um problema nessa volta, já é, irmão.
então... a arte da vida é seguir bukoswki, topar mergulhar, abdicar da realidade, assumir as responsabilidades de quem se é insanamente [ isso inclui internar-se em si mesmo sem previsão de volta e não ter medo de nunca voltar ], e voltar.............., organizando tudo! e-ba!
é muito fácil viver!
rs
e quando se descobre tudo o que a loucura oferece, quem quer voltar?
daí vale qualquer recurso: querer voltar pra contar pra quem se ama como é ser louco, escrever livros, pintar quadros... enfim, qualquer coisa que te motive e que te dê garantias pessoais de que você consegue voltar.
vamo aí?
ah! detalhe importante! esse movimento é solo: vc mergulha na tua que eu mergulho na minha e um dia a gente se encontra pra trocar figurinha. rimou! é arte! ufa! é sinal de que eu voltei.

sábado, 29 de novembro de 2008

As esperanças depositadas no analista

























Leva no teu bumbar
Me leva
Leva que quero ver meu pai
Caminho bordado à fé
Caminho das águas
Me leva que quero ver
Meu pai...

A barca segue seu rumo lenta
Como quem já não
Quer mais chegar
Como quem se acostumou
No canto das águas
Como quem já não
Quer mais voltar...

Os olhos da morena bonita
Agüenta que tô chegando já
Na roda conta com o seu
Ouvir a zabumba
Me leva que quero ver
Meu pai...

domingo, 16 de novembro de 2008

Histerias e o Vício


Hoje eu lembrei da histeria. Não por vontade, por força maior de Rorschach.

Encontramos ligações entre histeria, teatralidade, expansividade excessiva e desonestidade.
E ao ler o escrito de Contardo Calligaris em http://contardocalligaris.blogspot.com/2008/11/mais-adultrios-virtuais.html#links pensei num adúltero, no nível orkutiano, ou de MSN, ou até de vida como um histérico, e se não histérico, um em potencial.
Se toda teatralidade de um histérico varia de acordo com as esperanças de sua platéia, imaginei um indivíduo histérico, e por sê-lo, altamente sedutor em completa consonância com um outro indíviduo masoquista. Ou ainda o traidor que quer ser descoberto, para escancarar o que o masoquista mais teme e deseja: sofrer de amor. Está travado o dilema dor-prazer. Está cravado o vício.
O histérico sabe do masoquista. Mas o masoquista não sabe do histérico. O masoquista se descobrir do histérico, perde a chance de viver esse trilema dor-prazer-culpa, então compra a idéia de si: incapaz, destruidor, manipulador, etc, tudo o que for componente de seus sentimentos mais cruéis e sofríveis... e amarra-se, prendendo-se ao que sente, ao que é, às culpas e dores.
O histérico prende-se ao outro e aqui deveria usar aspas, mas não vou. É que o histérico é sugestionável, afetado pelas cores dos outros. E, bingo, o masoquista amadurece, o histérico caminha junto. Fim. Não há pra onde correr, senão à um bom analista.
Muita gente deve chamar isso de amor, e quem poderá nos dizer que não é ou é? Já que ninguém conseguiu explicar esse sentimento todo mesmo.

'É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer' - Camões

'Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz' - Chico

Voltando ao Contardo. 'O uso da internet para seduzir um ou uma amante e, entre um encontro e outro, seguir dialogando com ele ou com ela não difere substancialmente do uso de cartas ou telefonemas. Ou seja, os amores e adultérios virtuais propriamente ditos são apenas as relações que se mantêm sempre na virtualidade, embora possam ser afetivamente muito relevantes para os envolvidos -talvez mais relevantes do que as relações reais com o parceiro ou a parceira com quem eles vivem.' E aqui, com meu olhar histérico-masoquista, entendo que essas relações que se mantêm sempre na virtualidade, por parte de um histérico, são extremamente relevantes para seu parceiro masoquista e para a manutenção da relação. Conservam, amedontram, enrigecem e aprisionam.

"O destino nos uniu. Ela/ele é o amor da minha vida."
- Única pergunta de hoje: o 'destino' de um masoquista é encontrar um histérico para se sentir minimamente percebido?
Eu sinceramente aguardo respostas.
Obrigada pela atenção e leitura.